O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, responsável por cerca de 22% do PIB em 2024 e por manter o país como um dos maiores exportadores globais de commodities, como soja, carne, café e açúcar. A recente discussão sobre a reforma tributária no Brasil trouxe mudanças significativas para o setor, que precisou se adaptar a novas regras, oportunidades e desafios. Neste contexto, entender os impactos da reforma é essencial para avaliar o futuro do agro nacional.
Contexto da Reforma Tributária: A reforma tributária brasileira, aprovada em 2023, buscou simplificar o sistema de impostos sobre consumo, substituindo tributos como PIS, COFINS, ICMS e ISS por um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), e um Imposto Seletivo para produtos específicos. Além disso, trouxe mudanças na tributação de exportações, créditos fiscais e incentivos regionais. Para o agronegócio, essas alterações têm implicações diretas em custos operacionais, competitividade internacional e investimentos em tecnologia.
Principais Impactos no Agronegócio
Simplificação e Redução de Custos Burocráticos: A unificação de tributos sobre consumo promete reduzir a complexidade fiscal, um grande avanço para produtores rurais e agroindustriais que lidam com múltiplas legislações estaduais e federais em seu dia a dia. A simplificação pode diminuir custos de compliance, especialmente para pequenos e médios produtores, e facilitar o acesso a créditos fiscais, como os relacionados à compra de insumos (fertilizantes, defensivos e máquinas), porém, a transição para o novo sistema exige investimentos em sistemas de gestão, treinamento de equipes e acompanhamento especializado de um corpo jurídico.
Tributação de Insumos e Cadeia Produtiva: A reforma alterou as regras para créditos fiscais em insumos essenciais, como fertilizantes e defensivos agrícolas. Antes, setores do agro se beneficiavam de isenções ou alíquotas reduzidas. Agora, a não cumulatividade do IBS pode aumentar custos operacionais se não houver compensação adequada. Por exemplo, produtores que não conseguirem compensar créditos (por falta de faturamento em períodos de safra) podem ter sua liquidez afetada. Setores intensivos em insumos importados, como fertilizantes (dos quais o Brasil é dependente), podem enfrentar pressão nos preços.
Exportações e Competitividade Global: A manutenção do princípio de “tributação zero” para exportações foi uma vitória do agronegócio. Isso garante que produtos como soja, carne e celulose continuem competitivos no mercado internacional, sem acúmulo de impostos. No entanto, o fim de benefícios fiscais estaduais (como isenções de ICMS para combustíveis usados na produção) pode encarecer custos logísticos, especialmente em estados distantes de portos.
Incentivos à Sustentabilidade: A reforma incluiu mecanismos para alinhar a tributação a metas ambientais, como a redução de impostos para produtores que adotarem práticas sustentáveis (recuperação de pastos, agricultura de baixo carbono) e a tributação seletiva sobre produtos associados ao desmatamento ou alto consumo de água. Essas medidas pressionam o setor a se modernizar, mas também abrem portas para acesso a mercados internacionais que exigem certificações ambientais.
Desafios e Oportunidades: Produtores rurais, principalmente os pequenos, podem enfrentar dificuldades para se adaptar ao novo sistema. Os custos de transição poderão acarretar aumento de despesas e pressão sobre as margens de lucro, com possível impacto nos preços de produtos primários.
Por outro lado, a reforma pode trazer grandes oportunidades ligadas à modernização tecnológica, à valorização de produtos sustentáveis e à abertura de mercados premium (como Europa e Ásia), além da integração de cadeias entre produtores e fornecedores, fortalecendo os elos do setor.
Conclusão: A reforma tributária trouxe avanços importantes para o agronegócio brasileiro, como a simplificação de impostos e o alinhamento com práticas sustentáveis. No entanto, seu sucesso dependerá de políticas de apoio à transição, como linhas de crédito para pequenos produtores, diálogo constante entre governo e setor privado (para ajustar falhas na implementação) e investimentos em infraestrutura para compensar custos logísticos.
Embora os desafios sejam significativos, o agro brasileiro tem histórico de resiliência e inovação. Com planejamento estratégico, a reforma pode ser um catalisador para consolidar o país como potência global em produção eficiente e sustentável.
Caso tenha dúvidas sobre os impactos da reforma tributária em seu agronegócio e necessite de um especialista, não hesite em entrar em contato com a BRG Advogados. Nossa equipe especializada em direito tributário está à disposição para fornecer orientação legal solida e ajudar a proteger sua empresa.
Por Fabio Zanata